
Era uma vez uma menina franzina, de quatro anos, que foi com a mãe visitar a avó. Vestia um bibe azul, azul da cor do céu quando está muito sol - foi assim que pediu quando lhe perguntaram de que cor o queria -, e um chapéu de palha que lhe escondia o cabelo negro aos caracóis.
O percurso entre a casa da menina e da avó Josefina era feito a pé, através de campos e pinhais. Durante o caminho a menina ia apanhando florzinhas - as preferidas eram os miosótis, por serem tão pequeninas e azul turquesa - e fazendo mil perguntas sobre tudo o que via e lhe interessava. Na maioria das vezes, a mãe respondia com histórias interessantes e fantásticas.
Quando finalmente chegaram, a avozinha levou a menina pela mão, dizendo-lhe que tinha uma surpresa linda para ela. Subiram a escada de madeira que dava para o sótão, onde as galinhas punham os ovos e ficavam durante a noite. Que engraçado, galinhas que subiam escadas?! E como eram desajeitadas! Na maior parte das vezes venciam a distância levantando voo.
Uma vez no sótão a avó levou-a junto de uma giga grande coberta com outra, a menina não estava a perceber nada, porque a levava ali? Nunca o tinha feito antes, pelo menos que se lembrasse... levantou a cesta, e, que era aquilo, pintos? A mãe era uma galinha…mas, os filhotes não eram como ela! O bico, as patas e a cor da penugem eram diferentes, pintainhos não eram, até o piar era diferente!... A surpresa era tal que a avó desatou a rir, pegou na cesta e desceram a escada, atravessaram o pátio e foram para junto do regato do moinho. Mistério atrás de mistério, a avó atirou os desgraçados dos pintainhos (que não eram pintainhos) para a água! A avozinha não devia estar boa da cabeça... mais uma risada e foi então que se dignou dizer-lhe que aqueles pintos eram patinhos! E explicou que a galinha era a mãe adoptiva; tinha chocado os ovos porque a pata que os tinha posto não chocava em cativeiro. De seguida a avó deitou grãos de milho na água que os patinhos apanhavam mergulhando… um espanto!
... As coisas interessantes que avó sabia...
(Este conto é para a Leonor e para a Rita, minhas sobrinhas)